Discutir a maneira como os personagens lésbicos, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) são representados pelo cinema da década de 1970 até os dias atuais é um dos objetivos da Oficina de Cinema LGBT Pós-Stonewall com Christian Petermann. A ser realizada de 11 a 15 de setembro, das 14 às 17 horas, no Hotel Senac Ilha do Boi, a Oficina faz parte da programação do 22º Festival de Cinema de Vitória e está com inscrições abertas até o próximo dia 28 de agosto.

Para se inscrever é preciso doar 12 litros de leite (tipo longa vida integral) na sede da Galpão Produções no seguinte endereço: Rua Professora Maria Cândida da Silva, 115, Bairro República – Vitória/ES. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9 às 16h. Todas as caixas de leite arrecadadas serão doadas para o Hospital Santa Rita.

O cinema LGBT em panorama

Por meio da exibição de cenas selecionadas, a Oficina apresentará um panorama histórico dos principais filmes que marcaram época e redefiniram a imagem LGBT desde os anos de 1970. Serão discutidos os principais cineastas e/ou filmes isolados que representam marcos importantes para a representação do homossexual nas telas. Dos anos de 1970 serão assistidos trechos do cinema politizado de Pier Paolo Pasolini e Rainer Werner Fassbinder, do cinema hedonista de Paul Morrissey e o cinema pop de John Waters. Da década de 1980, as referências serão a força do cinema inglês com Derek Jarman e Stephen Frears, o início da carreira do espanhol Pedro Almodóvar e os cineastas brasileiros Hector Babenco e Sergio Bianchi.

Da década de 1990, a Oficina discutirá as produções dos americanos Gus van Sant, Todd Haynes e Gregg Araki, do canadense Bruce La Bruce e do francês André Techiné. Já nos anos 2000, as referências são os franceses François Ozon e Christophe Honoré, o canadense Xavier Dolan, o cinema global de Brillante Mendoza, Eytan Fox, Ferzan Ozpetek e Marco Berger e o brasileiro Karim Aïnouz.

A luta gay e o cinema

A Rebelião de Stonewall aconteceu em 1969 em Nova York e consistiu em uma série de conflitos violentos entre a polícia e a população LGBT. Além de representar um marco histórico na luta dos direitos das pessoas LGBT, tal fato incentivou um movimento independente de cinema mais aberto em estéticas e sexualidades que desencadeou no boom queer dos anos 1980. Até a década de 1970, os personagens LGBT, além de serem raros na telona, eram retratados de maneira caricata. Nas décadas seguintes, tais personagens são associados a várias transgressões artísticas e comportamentais, mas sua presença nos filmes ainda sofreu severas limitações no chamado cinema comercial.

Segundo o jornalista Christian Petermann, responsável pela condução da Oficina, de forma um tanto genérica, pode-se afirmar que, pós-boom dos anos de 1980, a produção cinematográfica independente apresentou um retrato mais realista e plural da sexualidade humana, enquanto que o cinema comercial, de um modo geral, reiterou antigos clichês e estereótipos – insistindo na “zona de conforto”. “O aspecto positivo é que, somando-se os personagens LGBT nos anos seguintes, em boa parte eles surgem em produções indie. Desta forma, é inegável que a atuação do cinema indie se configura como um coletivo espontâneo de importância política”.

Recentemente a Suprema Corte dos Estados Unidos, reconheceu o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, por outro lado, no Brasil, uma onda conservadora tem impedido o reconhecimento de direitos da população LGBT.  Diante desse contexto, Christian Petermann acredita que atividades como a Oficina cumprem as funções de formar e de “iluminar”. “É claro que um curso destes dificilmente rompe uma formação radical, fundamentalista. Ao mesmo tempo em que a Oficina funciona como alimento rico de conceitos e informações para quem ama a Sétima Arte, ela apresentará a alunos que tiveram pouco acesso a outras verdades, padrões de comportamento, fatos de História e dramas íntimos que revelem um admirável mundo novo. E de respeito. Quanto mais curiosidade e inspiração são geradas no aluno, melhor este se equipa em argumentos contra a onda conservadora”, afirma Christian.

Christian Petermann é colaborador regular da revista Rolling Stone, curador do festival semestral Cine Vitrine Independente, consultor para a ONG CineMaterna e sócio-fundador da Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema).

O 22º Festival de Cinema de Vitória acontecerá de 11 a 16 de setembro de 2015. O evento é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA) e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, da Petrobras, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Rede Gazeta e da Prefeitura Municipal de Vitória, além do apoio do Canal Brasil, da CiaRio, da DOT, da Mistika, da Cinecolor, da Cesan e da Ufes.

SERVIÇO:

Oficina de Cinema LGBT Pós-Stonewall com Christian Petermann, que será realizada de 11 a 15 de setembro de 2015, das 14 às 17 horas, no Hotel Senac Ilha do Boi;

– Para efetivar sua inscrição é preciso doar 12 litros de leite (tipo longa vida integral) na sede da Galpão Produções até o próximo dia 28 de agosto no seguinte endereço:  Rua Professora Maria Cândida da Silva, 115, Bairro República – Vitória/ES. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9 às 16h. Todas as caixas de leite arrecadadas serão doadas para o Hospital Santa Rita.

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